terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O poeta do mês

JOSÉ FANHA

José Manuel Krusse Fanha Vicente nasce em Lisboa a 19 de fevereiro de 1951. Filho de oficial do exército e de professora de música, faz os estudos liceais no Colégio Militar de Lisboa entre 1961 e 1968.
Frequenta o Curso de Formação Artística da Sociedade Nacional de Belas-Artes em 1968/69.
Entre 1969 e 1976 tem experiências profissionais como jornalista (Record e Diário de Lisboa – Suplemento “A Mosca” -), desenhador de Arquitetura (Ministério das Obras Públicas, Ateliês dos arquitetos Maurício de Vasconcelos, Frederico Georges, Manuel Vicente) e copy de publicidade.
Em 1976 licencia-se em Arquitetura pela ESBAL.
Trabalha brevemente na empresa ESTIL como arquitecto.
É coautor do projeto de arquitetura do Centro Cultural da Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau (1978).
Entre 1978 e 2009 é professor efetivo do Ensino Secundário, tendo lecionado diversas disciplinas, entre as quais "História das Artes Visuais", "História da Arte em Portugal", "Teoria do Design", "Geometria Descritiva", "Técnicas de Expressão e Práticas de Representação”, “Educação Visual”, Atelier de Artes”, “Arte e Design”, etc.
Entre 1986 e 1989 é Orientador pedagógico na formação de professores da Área de Estudos Artísticos na Escola Superior de Educação de Lisboa.
Tem o estatuto de formador de formadores, concedido pelo Conselho Científico e Pedagógico da Formação Contínua da Universidade do Minho.
Mestre na área de Educação e Leitura pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa (2007).
Doutorando na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa na área de História da Educação e da Cultura Escrita.
Poeta, divulgador de poesia e declamador. Como tal, desde 1969, participou em milhares de sessões de animação cultural, acompanhando o grupo dos chamados baladeiros ou cantores de protesto, entre os quais José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Francisco Fanhais, Manuel Freire, José Jorge Letria, Carlos Alberto Moniz, etc, etc.
Dramaturgo e dramaturgista, autor de letras para canções e textos para rádio, guionista de televisão e cinema.
Participações pontuais como actor em teatro, televisão e cinema.
Sócio da Associação Portuguesa de Escritores e da Sociedade Portuguesa de Autores.
www.josefanha.com

BIBLIOGRAFIA:
NAMORADA JAPONESA DO MEU AVO, A

Jose Fanha


Editora: Gailivro

Colecção: Mundo A Minha Volta, O

ISBN: 978-989-557-920-4

Tema: Infantil / Juvenil


DIA EM QUE O MAR DESAPARECEU, O

Jose Fanha


Editora: Gailivro

Colecção: Extra Gailivro

ISBN: 978-989-557-213-7

Tema: Infantil / Juvenil


DIARIO INVENTADO DE UM MENINO JA CRESCIDO

Jose Fanha


Editora: Gailivro

Colecção: Extra Gailivro

ISBN: 978-989-557-147-5

Tema: Infantil / Juvenil


CANTIGAS E CANTIGOS PARA FORMIGAS E FORMIGOS

Jose Fanha


Editora: Terramar

Colecção: Extra Terramar

ISBN: 978-972-710-419-2

Tema: Infantil / Juvenil


ZULAIDA E O POETA E OUTRAS HISTORIAS

Jose Fanha


Editora: Gailivro

Colecção: Extra Gailivro

ISBN: 978-989-557-455-1

Tema: Geral


MEU AMIGO ZECA TUM TUM E OS OUTROS

Jose Fanha


Editora: Gailivro

Colecção: Mundo A Minha Volta, O

ISBN: 978-989-557-767-5

Tema: Infantil / Juvenil


ERA UMA VEZ A REPUBLICA

Jose Fanha


Editora: Gailivro

Colecção: Extra Gailivro

ISBN: 978-989-537-771-2

Tema: Infantil / Juvenil


ESDRUXULAS GRAVES E AGUDAS MAGRINHAS E BARRIGUDAS

Jose Fanha


Editora: Texto Editora

Colecção: Gramofone

ISBN: 978-972-47-4051-5

Tema: Infantil / Juvenil


HISTORIAS PARA CONTAR EM NOITES DE LUAR

Jose Fanha


Editora: Gailivro

Colecção: Extra Gailivro

ISBN: 978-989-557-678-4

Tema: Romance / Ficção


ALEX PONTO COM MARY LOBO A LAGOSTA ASSASSINA

Jose Fanha


Editora: Texto Editora

Colecção: Literatura Junior Serie Vermelha nº 6

ISBN: 978-972-47-4091-1

Tema: Infantil / Juvenil



Eu sou português aqui


Eu sou português aqui
Eu sou português
aqui
em terra e fome talhado
feito de barro e carvão
rasgado pelo vento norte
amante certo da morte
no silêncio da agressão.

Eu sou português
aqui
mas nascido deste lado
do lado de cá da vida
do lado do sofrimento
da miséria repetida
do pé descalço
do vento.

Nasci
deste lado da cidade
nesta margem
no meio da tempestade
durante o reino do medo.
Sempre a apostar na viagem
quando os frutos amargavam
e o luar sabia a azedo.

Eu sou português
aqui
no teatro mentiroso
mas afinal verdadeiro
na finta fácil
no gozo
no sorriso doloroso
no gingar dum marinheiro.

Nasci
deste lado da ternura
do coração esfarrapado
eu sou filho da aventura
da anedota
do acaso
campeão do improviso,
trago as mãos sujas do sangue
que empapa a terra que piso.

Eu sou português
aqui
na brilhantina em que embrulho,
do alto da minha esquina
a conversa e a borrasca
eu sou filho do sarilho
do gesto desmesurado
nos cordéis do desenrasca.

Nasci
aqui
no mês de Abril
quando esqueci toda a saudade
e comecei a inventar
em cada gesto
a liberdade.

Nasci
aqui
ao pé do mar
duma garganta magoada no cantar.

Eu sou a festa
inacabada
quase ausente
eu sou a briga
a luta antiga
renovada
ainda urgente.

Eu sou português
aqui
o português sem mestre
mas com jeito.
Eu sou português
aqui
e trago o mês de Abril
a voar
dentro do peito.



Poesia in Eu sou português aqui - Obras de José Fanha - Ulmeiro – 1995


DÓI-ME O PEITO
Dr.

dói-me o peito

do cigarro

do bagaço

do catarro

do cansaço

dói-me o peito

do caminho

de ida e volta

do meu quarto

à oficina

sem parar

sempre a andar

sempre a dar

dói-me o peito

destes anos

tantos anos

de trabalho

e combustão

dói-me o luxo

dói-me os fatos

dói-me os filhos

dói-me o carro

de quem pode

e eu a pé
Sempre a pé
dói-me o luxo

dói-me os fatos

dói-me os filhos

dói-me o carro

de quem pode

e eu a pé

sempre a pé

dói-me a esperança

dói-me a espera

pelo aumento

pela reforma

pelo transporte

pela vida e pela morte.

Dr.

já estou farto

de não ser

mais que um braço

para alugar

foi-se a força

e o meu corpo
é como o mosto pisado
como um pássaro insultado

por não poder mais voar.



Dr.

eu não sei ler

os caminhos

por dentro

dos hospitais

mas alguém há-de aprender

entre as rugas do meu rosto

o que não vem nos jornais

e não há nada no mundo

nem discurso

nem cartaz

capaz de gritar mais alto

que as palmas das minhas mãos

que o meu sorriso sem jeito,

José Fanha,

Eu sou Português aqui, ed. Ulmeiro

7 comentários:

Anônimo disse...

Je ne connais pas cet artiste mais,à mon avis, il a de trés jolis poèmes. Je les ai aimés.

Adrianna Rocha nº1 11ºE2

Anônimo disse...

Je ne connais pas ce poète mais je pense que ces deux poèmes écrits par lui sont beaux. Alors, je rechercherai connaître plus de travaux de lui.

Ana Machado nº3 11ºE2

Anônimo disse...

Je ne connais pas ce poète mais, j'aime ce qu'íl écrit!
Ces deux poèmes de José Fanha sont très jolis!
Bisou

Cátia Alves nº6 11ºE2

Anônimo disse...

Très joli!
À mon avis, ça a été un bon choix. L´écrivain est un bon poéte. J´aime bien son style.
Comme cet homme est moins connu, il doit ètre plus divulgué par la societé portugaise, sourtout dans les pays où on parle portugais.

Miguel Machado nº18 11ºE2

Anônimo disse...

Cet écrivan, José Fanha, c'est une personne très habile.
Ses poèmes sont fabuleux et le premier poème m'a éveillé la curiosité pour lire d'autres.
J'admire José Fanha pour tout ce qu'il fait.

Fátima Silva Nº11 11ºE2

Anônimo disse...

José Fanha est une personne très très instruite.
Cet écrivan est versatile, il participe à beaucoup de choses et il a du succés à tout ce qu'il fait.
J'admire ses poèmes et selon moi, cet écrivan est digne de tout le mérite que les personnes puissent le reconaitre.

Cristiana Maia Nº8 11ºE2

Anônimo disse...

José Fanha, selon moi, a le dom de l'écriture.
À mon avis, ces poèmes sont très touchants. Le premier "Eu sou português aqui", nous montre que nous devons être orgueilleux d'être portugais et le deuxième "Dói-me..." nous parle de la vie malleureuse d'une personne.
J'admire beaucoup la versalité de cet écrivan! :)

Cristiana Carneiro 11ºE2 nº9