domingo, 26 de fevereiro de 2012

"Rumores adolescentes (ou quase)" de António Oliveira



O Poeta na Escola

No passado dia 10 de Fevereiro, imbuídos pelo espírito “A poesia anda na Escola”, tivemos “O Poeta na Escola”. No auditório da Biblioteca, pelas 10:15 h, os alunos das turmas 10ºA3/F2, 10º F1 e 11º E1/E2 aguardavam a presença do autor do livro Rumores Adolescentes (ou quase), professor António Oliveira, para a apresentação desta sua obra. O professor António Sousa abriu a sessão fazendo uma breve alusão ao poeta com o poema “Sôbolos rios que vão”, o primeiro poema do livro. Seguiu-se um trecho musical divinamente tocado pelas alunas da turma 10º A3, Maura e Ana Paula, (violino e viola de arco, respetivamente). Vários foram os alunos que surpreenderam o poeta com a leitura dos seus poemas, o Tiago Maia do 10º A3, a Ana Clara, a Catarina Martins e a Catarina Pinheiro do 10º F2, a Ângela, a Lisandra e a Maria João do 10º F1. A Catarina Martins e a Sofia do 10º A3 iam intercalando a audição dos poemas, lidos pelos alunos e pelo professor Sousa, com belas melodias arrancadas das suas flautas.
Seguiu-se o momento em que foi dada a palavra ao nosso convidado. O professor António Oliveira falou da sua larga experiência no âmbito da docência e da sua relação pedagógica com jovens adolescentes para desenvolver o que o levou a escrever este livro. Todos os poemas são respostas a desejos, anseios, desabafos, angústias… dos seus alunos.
Os nossos alunos, embalados pela retórica do autor convidado (e do professor Sousa que, por vezes, o interpelava fazendo alusões a poemas dos nossos poetas), colocaram várias questões quer sobre a obra quer sobre o poeta.
Terminou a sessão ao som das cordas do violino e da viola de arco (habilmente dedilhadas pela Maura e Ana Paula), com os agradecimentos em nome da Escola, nomeadamente do Diretor, e com a oferta do anuário e medalha da Escola ao nosso convidado.

Maria Agostinha S. Cruz
(Professora de Português do 10º A3/F2
Coordenadora da Oficina de Poesia)

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Saint Valentin

DANS TES YEUX

Dans tes yeux, mon amour,
Je cherche du secours
Pour la vie de tous les jours.
J’espère que ça durera toujours
Car dans mon cœur, tu auras
À jamais une place de premier choix
Que, je crois, tu garderas.
Mon amour tu comptes beaucoup pour moi.

Julie Dufay - Momes.net

A poesia anda na escola


terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O poeta do mês

JOSÉ FANHA

José Manuel Krusse Fanha Vicente nasce em Lisboa a 19 de fevereiro de 1951. Filho de oficial do exército e de professora de música, faz os estudos liceais no Colégio Militar de Lisboa entre 1961 e 1968.
Frequenta o Curso de Formação Artística da Sociedade Nacional de Belas-Artes em 1968/69.
Entre 1969 e 1976 tem experiências profissionais como jornalista (Record e Diário de Lisboa – Suplemento “A Mosca” -), desenhador de Arquitetura (Ministério das Obras Públicas, Ateliês dos arquitetos Maurício de Vasconcelos, Frederico Georges, Manuel Vicente) e copy de publicidade.
Em 1976 licencia-se em Arquitetura pela ESBAL.
Trabalha brevemente na empresa ESTIL como arquitecto.
É coautor do projeto de arquitetura do Centro Cultural da Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau (1978).
Entre 1978 e 2009 é professor efetivo do Ensino Secundário, tendo lecionado diversas disciplinas, entre as quais "História das Artes Visuais", "História da Arte em Portugal", "Teoria do Design", "Geometria Descritiva", "Técnicas de Expressão e Práticas de Representação”, “Educação Visual”, Atelier de Artes”, “Arte e Design”, etc.
Entre 1986 e 1989 é Orientador pedagógico na formação de professores da Área de Estudos Artísticos na Escola Superior de Educação de Lisboa.
Tem o estatuto de formador de formadores, concedido pelo Conselho Científico e Pedagógico da Formação Contínua da Universidade do Minho.
Mestre na área de Educação e Leitura pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa (2007).
Doutorando na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa na área de História da Educação e da Cultura Escrita.
Poeta, divulgador de poesia e declamador. Como tal, desde 1969, participou em milhares de sessões de animação cultural, acompanhando o grupo dos chamados baladeiros ou cantores de protesto, entre os quais José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Francisco Fanhais, Manuel Freire, José Jorge Letria, Carlos Alberto Moniz, etc, etc.
Dramaturgo e dramaturgista, autor de letras para canções e textos para rádio, guionista de televisão e cinema.
Participações pontuais como actor em teatro, televisão e cinema.
Sócio da Associação Portuguesa de Escritores e da Sociedade Portuguesa de Autores.
www.josefanha.com

BIBLIOGRAFIA:
NAMORADA JAPONESA DO MEU AVO, A

Jose Fanha


Editora: Gailivro

Colecção: Mundo A Minha Volta, O

ISBN: 978-989-557-920-4

Tema: Infantil / Juvenil


DIA EM QUE O MAR DESAPARECEU, O

Jose Fanha


Editora: Gailivro

Colecção: Extra Gailivro

ISBN: 978-989-557-213-7

Tema: Infantil / Juvenil


DIARIO INVENTADO DE UM MENINO JA CRESCIDO

Jose Fanha


Editora: Gailivro

Colecção: Extra Gailivro

ISBN: 978-989-557-147-5

Tema: Infantil / Juvenil


CANTIGAS E CANTIGOS PARA FORMIGAS E FORMIGOS

Jose Fanha


Editora: Terramar

Colecção: Extra Terramar

ISBN: 978-972-710-419-2

Tema: Infantil / Juvenil


ZULAIDA E O POETA E OUTRAS HISTORIAS

Jose Fanha


Editora: Gailivro

Colecção: Extra Gailivro

ISBN: 978-989-557-455-1

Tema: Geral


MEU AMIGO ZECA TUM TUM E OS OUTROS

Jose Fanha


Editora: Gailivro

Colecção: Mundo A Minha Volta, O

ISBN: 978-989-557-767-5

Tema: Infantil / Juvenil


ERA UMA VEZ A REPUBLICA

Jose Fanha


Editora: Gailivro

Colecção: Extra Gailivro

ISBN: 978-989-537-771-2

Tema: Infantil / Juvenil


ESDRUXULAS GRAVES E AGUDAS MAGRINHAS E BARRIGUDAS

Jose Fanha


Editora: Texto Editora

Colecção: Gramofone

ISBN: 978-972-47-4051-5

Tema: Infantil / Juvenil


HISTORIAS PARA CONTAR EM NOITES DE LUAR

Jose Fanha


Editora: Gailivro

Colecção: Extra Gailivro

ISBN: 978-989-557-678-4

Tema: Romance / Ficção


ALEX PONTO COM MARY LOBO A LAGOSTA ASSASSINA

Jose Fanha


Editora: Texto Editora

Colecção: Literatura Junior Serie Vermelha nº 6

ISBN: 978-972-47-4091-1

Tema: Infantil / Juvenil



Eu sou português aqui


Eu sou português aqui
Eu sou português
aqui
em terra e fome talhado
feito de barro e carvão
rasgado pelo vento norte
amante certo da morte
no silêncio da agressão.

Eu sou português
aqui
mas nascido deste lado
do lado de cá da vida
do lado do sofrimento
da miséria repetida
do pé descalço
do vento.

Nasci
deste lado da cidade
nesta margem
no meio da tempestade
durante o reino do medo.
Sempre a apostar na viagem
quando os frutos amargavam
e o luar sabia a azedo.

Eu sou português
aqui
no teatro mentiroso
mas afinal verdadeiro
na finta fácil
no gozo
no sorriso doloroso
no gingar dum marinheiro.

Nasci
deste lado da ternura
do coração esfarrapado
eu sou filho da aventura
da anedota
do acaso
campeão do improviso,
trago as mãos sujas do sangue
que empapa a terra que piso.

Eu sou português
aqui
na brilhantina em que embrulho,
do alto da minha esquina
a conversa e a borrasca
eu sou filho do sarilho
do gesto desmesurado
nos cordéis do desenrasca.

Nasci
aqui
no mês de Abril
quando esqueci toda a saudade
e comecei a inventar
em cada gesto
a liberdade.

Nasci
aqui
ao pé do mar
duma garganta magoada no cantar.

Eu sou a festa
inacabada
quase ausente
eu sou a briga
a luta antiga
renovada
ainda urgente.

Eu sou português
aqui
o português sem mestre
mas com jeito.
Eu sou português
aqui
e trago o mês de Abril
a voar
dentro do peito.



Poesia in Eu sou português aqui - Obras de José Fanha - Ulmeiro – 1995


DÓI-ME O PEITO
Dr.

dói-me o peito

do cigarro

do bagaço

do catarro

do cansaço

dói-me o peito

do caminho

de ida e volta

do meu quarto

à oficina

sem parar

sempre a andar

sempre a dar

dói-me o peito

destes anos

tantos anos

de trabalho

e combustão

dói-me o luxo

dói-me os fatos

dói-me os filhos

dói-me o carro

de quem pode

e eu a pé
Sempre a pé
dói-me o luxo

dói-me os fatos

dói-me os filhos

dói-me o carro

de quem pode

e eu a pé

sempre a pé

dói-me a esperança

dói-me a espera

pelo aumento

pela reforma

pelo transporte

pela vida e pela morte.

Dr.

já estou farto

de não ser

mais que um braço

para alugar

foi-se a força

e o meu corpo
é como o mosto pisado
como um pássaro insultado

por não poder mais voar.



Dr.

eu não sei ler

os caminhos

por dentro

dos hospitais

mas alguém há-de aprender

entre as rugas do meu rosto

o que não vem nos jornais

e não há nada no mundo

nem discurso

nem cartaz

capaz de gritar mais alto

que as palmas das minhas mãos

que o meu sorriso sem jeito,

José Fanha,

Eu sou Português aqui, ed. Ulmeiro